quinta-feira, 29 de maio de 2008

Quando a imprensa vira tribunal sombra

Depressa se arrepende aquele que julga apressadamente.(Pablio Siro)

Tenho vindo a acompanhar a par e passo o progresso do nosso país, um estado soberano, em que alguns distraídos, chamam qualquer coisa mas não um país, o que demonstra falta do conhecimento do conceito de um país ou estado. Temos a Constituição da República, um governo formado, logo estamos num país. Agora se os nossos dirigentes nos dignificam, isto é outro debate mas é desnecessário o debate sobre o facto de Moçambique ser ou não um País. São homens que integram a classe de jornalistas, homens cujo talento é inegável, porém perdem-se em juízos de valor. Assim sendo, eles se desfazem do seu papel que é informar, e passam a conduzir a sociedade mediante suas crenças. Era bom que soubesse que a má informação é mais desesperadora que a falta de informação.

Todos estados, soberanos, como o nosso, possuem segredo de estado, que na minha óptica tem como um dos papeis fundamentais, assegurar a coesão e inserção social dos povos em torno de mesmos ideais quanto ao destino da nação. Isto me leva a uma aventura arriscada na minha análise, isto é, nem toda informação deve ser do domínio público, sempre que estiver em jogo a questão da coesão e/ou integração do nosso povo na luta contra pobreza, HIV-SIDA, degradação do meio ambiente. Atenção que a existência de liberdade de imprensa no país é inegável, a lei diz tudo, se há problemas na sua aplicação, o debate deve ir a outra assembleia.

A classe dos jornalistas tem poder de investigar e informar a todos. Investigar na minha óptica não é receber encomenda para queimar o fulano ou o sicrano, é falar de assuntos com propriedade, desvendar e trazer a tona a realidade do nosso povo, como o fazem alguns jornalistas espalhados por este país, que não se preocupam com os problemas pessoais das minorias. Muitos profissionais se perdem em assuntos jurídicos, abordando e fazendo juízos de valor e julgamentos precipitados de muitos concidadãos nossos. Eu não tenho nada contra os profissionais que mergulham cegamente nos processos jurídicos, mas quero alertar para uma provável morte profissional destes, assim que os processos conhecerem o seu desfecho. Não quero ser cobarde ou induzir os outros, mas não devemos ser sapos cujo o mundo por eles conhecido é o poço onde nascem e morrem. Porque alguns jornalistas, advogados e juizes sombra, parece que só sabem assinar as encomendas.


Muitos são por exemplo que aparecem a ditarem sentenças, a pronunciar-se no lugar dos tribunais, a influenciar a seu favor e/ou dos seus interesses o desfecho de processos criminais. Será isto informar? Não sei mas tenho muitas dúvidas de que este tipo de jornalismo possa nos levar a ganhar prémios de jornalismo a nível nacional e/ou internacional, informar e formar um cidadão pleno capaz de defender seus ideais e da nação perante qualquer cenário. Não pretendo ser extremista, dizer que os jornalistas não devem ter acesso a processos quentes, quero sim chamar atenção para a questão do tratamento da informação, que deve ser o mais imparcial possível, responsável e sem preconceitos.

Temos obviamente alguns tribunais sombras, juizes paralelos, advogados sombras, e tantos outros infiltrados nos órgãos de comunicação social, que na minha óptica não são jornalistas, deviam ser banidos da classe. A falta de cuidado no tratamento de matérias, por parte destes, cria descontentamento dos povos, fomenta tensões sociais, separa os povos e logo incita violência. Se deixar de fora o facto de minar o relacionamento entre a imprensa e as fontes. O Jornalista não deve ser temido mas sim respeitado.


Porém este facto pode ser influenciado pelo comportamento não muito digno de alguns membros do governo, alguns dirigentes e alguns meros cidadãos. Seria bom que a justiça fosse feita em relação a todos, para que se coloque ponto final a esta crise de relacionamento, entre aqueles que era suposto serem inseparáveis parceiros. Se continuar a crise de relacionamento no seio do triângulo composto pelo governo, povo e órgãos de comunicação social o país poderá perder a estabilidade que possui.

Meus caros, cabe ao tribunal dizer quem mentiu e/ou omitiu em pleno julgamento e aos jornalistas informar ao cidadão sobre a decisão do juiz e os contornos por detrás de tal posição. Os réus, testemunhos, declarantes, num processo crime, têm seus pareceres e opiniões tendo em vista sua autodefesa acima de tudo, daí que é preciso ter-se muito cuidado em relação a divulgação de tais pronunciamentos, isto para não se cair na armadilha das versões, aliás muitos já se arrependeram de terem reportado versões com muito vigor.

A classe dos jornalistas deve saber defender seus ideais, buscar prestígio colectivo, dignidade, integridade inalienáveis. Não creio que este cenário (de crise de relacionamento) possa nos ajudar a alcançar estes valores. Os tribunais sombra devem acabar, devemos declarar tolerância zero contra eles, é preciso acabar com o problema de publicação frequente de desmentidos nos mídias. É preciso parar com a onda de processos crimes movidos contra alguns órgãos de comunicação social.

A nós jovens chamo especial atenção para que não comprometamos nossas ambições, por causa de troca de favores. Apelo uma investigação e tratamento responsável dos assuntos. Vamos investigar a situação do HIV, Malária, pobreza, aplicação dos famosos 7 milhões, do fundo de Compensação Autárquica, etc., promovendo um espírito de prestação de contas, divulgar bons e maus e bons exemplos do tratamento do bem público.

Deixemos a vida privada das pessoas, pois ela limita nossos horizontes e passamos a amaldiçoar nosso povo devido ao comportamento de alguns abutres. Vamos promover a união pois temos as vozes, olhares, caneta e papel para o efeito. Aqueles que quiserem trilhar pelos tribunais sombra, podem avançar mas o apelo ficou, a trincheira é grande e só vencerão os que forem mais fortes que a verdade.

terça-feira, 20 de maio de 2008

El Nervoso

Na ironia da vida conheci durante a busca da satisfação do meu sonho, um senhor patenteado, acredito que por mérito próprio, é chefe de um departamento numa instituição de ordem e segurança públicas. O primeiro encontro com ele a 3 ou 4 anos atrás, marcou-me mas pela negativa, agrediu-me com palavras e mandou-me passear, só porque na minha inocência procurei saber porque os agentes da lei e ordem não havia socorrido uma viatura que havia capotado algures na Matola. Passou.

Pensei que fosse problema de socialização secundária, que tinha que aprender a lhe dar com todas as espécies, desde os lobos vestidos a carneiro aos mais arrogantes como El Nervoso. De facto é o que tenho procurado fazer ao longo do tempo, ser compreensível e passivo, sem com isso deixar de defender a minha postura e integridade, o que aliás tem tido apoio de muitos. Eu também tenho tido gafes, mas tenho o cuidado de sempre pedir perdão.


Dilema do El Nervoso é que acha que antecipar o ataque significa intimidar o adversário, isto é, amedrontar a pessoa que a gente tem que marcar distância para não evidenciar nossas fraquezas. Ele ladra, como um cão de raça e quando chega a vez de recuar na verga, insiste, persiste e demostra suas fraquezas e insuficiências. Mas se parece com um vadio faminto.


El Nervoso é um homem que andou sumido do panorama de informação, foi a reciclagem para melhor servir as pessoas, mas nada mudou, se a memória foram 45 dias, que ele esteve na formatação, mas como seu disco duro é mesmo duro, parece que não valeu. Ele ia melhorar as suas qualidades profissionais, aprender que os tempos mudaram, os homens respeitam ao seu semelhante mas não tem medo deste.


El Nervoso, usa sua ignorância para medir as capacidades dos outros, eu que o diga, uma vez chegou a perguntar se eu sabia do significado de diligências. Sei sim senhor, e demostro isso na academia quando meus mestres me exigem. No enquadramento do termo diligências, El Nervoso fazia referência aos país de um dos tantos meninos sequestrados pelos oportunistas, ele dizia : diligências estão a ser feitas no sentido de trazer os país do duzenta. Respondia a pergunta: foram encontrados os pais da criança?


Certamente caro leitor irá perceber que, quando El Nervoso fala de diligências para trazer os pais do Duzenta, pressupõe-se que eles já localizam os progenitores da criança, o que não era o caso pelo menos até a altura em que desperdicei tempo para falar com El Nervoso. Minha insistência, excitou El Nervoso e naquela manhã ejaculou nos meus ouvidos e de tantos , a sua arrogância.

Mas não cansemos de ouvi-lo, Jesus Cristo ensinou a perdoar e não será agora que vamos trair a confiança que em nós ele depositou, vamos perdoar. Na ignorância e arrogância, porque possuído por um espírito maligno, El Nervoso vai atirando pedras para todos cantos, como forma de demarcar o seu lugar. Os humildes não precisam tanto, e ele tem exemplos ao seu redor mas ele prefere militarizar as amizades para conservar postura que não têm.


El Nervoso é daqueles homens que tendo alma passiva como de borboleta, preferem vestir máscara de leão, para se impor na sociedade. Não conheço seu passado, mas me parece que foi militar intolerante. El Nervoso vive noutro mundo, noutro tempo que não é o nosso, pois aqui o diálogo é visto como algo importante e para tal há sempre um esforço para mantê-lo. Duas hipóteses ou ele está avançado ou ultrapassado, pois ao nosso passo caminham os humildes.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Quando a Imprensa vira campo de batalha

Nos últimos tempos tenho assistido a uma guerra fria nos órgãos de comunicação social, envolvendo obviamente profissionais da área e várias pessoas de outros quadrantes. Bom, vejo aqui uma tentativa de se assegurar a todo custo uma relação polémica sobretudo entre as elites e os jornalistas. Isto meus caros, se reflecte nos artigos que tem vindo a ser publicados e nos processos movidos contra jornalistas e os seus respectivos órgãos.

Minha visão em relação ao aspecto centra-se basicamente no impacto que esta relação polémica, entre as elites e a imprensa , pode ter na sociedade, nas massas, em suma nos consumidores da informação veiculada. Se por um lado temos a imagem das elites vulgarizada e manchada por outro teremos o jornalista como um homem poderoso que como tal, detona a quem quiser, desafia o poder e lança a informação desde que tenha provas.

Não pretendo dizer aqui que os jornalista não devem divulgar a informação, mas quero apenas lançar um olhar sobre certos artigos que servem de arsenal para abater os abutres. Sou da opinião que a imprensa deve assegurar transparência sobre gestão do bem público, também acredito que as elites políticas (quero me referir aos dirigentes ), devem ter uma responsabilidade em relação aos seus actos, sob pena de serem julgados e condenados pelo poderoso tribunal comunitário. Mas meus caros, a classe dos jornalistas pode ser usada por elites para uma provável guerra fria, em que porque o fulado e o cicrano tem bifes, encomendam textos, dão provas e evidências aos jornalistas tornando a imprensa um verdadeiro campo de batalha.

O efeito disto é directo para a vida d pacato cidadão e nas linhas editoriais, que ficarão eternamente presos a textos sobre grandes esquemas de corrupção enquanto continuamos a ser sugados pela burocracia e corrupção crónica nas instituições públicas, pois ninguém se dará ao luxo de reportar sobre o desvio de aplicação e do comportamento de muitos funcionários públicos, que chegam nos seus locais as 8horas (ao invés das 7.30) e vão logo ao pequeno almoço (até as 9.30min) e depois metem-se em conversa e quando chega a vez de atender as pessoas já está na hora do almoço.

As elites políticas devem ter em mente que, não somos simplesmente indivíduos mas sim cidadãos, com capacidade de análise dos fenómenos e comportamentos, e contamos com a colaboração da comunicação social para monitorar todos aqueles que são autênticos lobos vestidos a carneiro.

Mas quando a imprensa vira uma autêntica trincheira, vivemos uma situação de desconfiança em que as pessoas acompanham, Rádio, TV, lêem Jornais só para saber o que se desvendou em relação as figuras ilustres envolvidas em supostos actos ilícitos. As pessoas precisam de ser informadas e formadas, o que não pode servir de escudo dos abutres, pois muitas das vezes esta componente serve para alimentar bolsos que já estão cheios, mas que continuam presas à insatisfação melhor descrita por Santo Agostinho, Bispo de Hipona que dizia que a satisfação de uma necessidade é um passo a caminho de outra necessidade.

Queria apenas saber se entre artigos polémicos sobre assuntos quentes publicados e processos movidos nos tribunais sobre alegada difamação e calúnia, como ficarão as linhas editoriais. Serão obviamente desviadas as atenções para se sustentar a razão de ser do artigo, isto por um lado, por outro a necessidade de um processo crime e cria-se um círculo vicioso que provavelmente só interessa a algumas elites e alguns jornalistas. Passamos a discutir jornalistas e/ou órgãos de informação Vs elites visadas pela informação.

Muitas vezes isto implica desviar a agenda do país para discutir estes assuntos que não os considero menos importantes mas porque não tem desfecho levam a muitas suspeitas.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

A imoralidade de algumas religiões convencionais em Moçambique

A coesão social das nossas comunidades sempre foi assegurada por um leque de crenças, que com a chegada do colono foram sendo absorvidas. O povo africano no geral e moçambicano em particular, sempre adorou seus deuses, o que pelo menos lhe garantia que sua vida estava directamente ligada a algo superior. Se formos a revisitar a nossa história, veremos que os rituais dos nossos povos foram sempre a solução para fome, seca, pandemias, guerras mas hoje é tudo visto como algo estranho. A minha questão é: até que ponto a distanciação do moçambicano com as suas tradições pode concorrer para a sua imoralidade?

Na minha óptica, a partir do momento em que, mergulhados no modernismo, começamos a assumir cegamente os argumentos pro-religiões convencionais, caímos no erro de que os seguidores das religiões tradicionais, nossos antepassados na sua maioria, não possuíam valores morais aceitáveis. Digo isto porque a religião é o garante da moralidade de um povo.

Muitas são as religiões que nascem a cada dia que passa, como resultado de frustração e/ou ganância de alguns crentes. O resultado é que assitimos cenários em que na busca do protagonismo, alguns religiosos ao invés da palavra de Deus, passam o tempo a atacar as outras religiões. Já ouvi por exemplo testemunhos de pessoas a dizer que durante muito tempo, eram apoquentadas por doenças, até tomaram banho de sangue mas não houve solução, só depois de conhecer o Deus daquela religião é que libertaram-se das enfermidades. Ora bem, se analisarmos bem este argumento, podemos ver que não é milagre de Deus que é enaltecido mas sim o nome daquela Igreja. A pergunta é que estará por detrás desta publicidade? Angariação de crentes? Demonstração do poder e Milagres Divinos?

Já assisti cenários em que um pastor convidava os crentes a desafiarem Deus com valores monetários. Para quê? Critica-se o facto de em alguns momentos sacrificarmos algumas espécies animais para entregar aos nossos antepassados, mas somos obrigados a sacrificar valores monetários que não temos em troca de benção. O tempo passa o debate é que os que estão do outro lado estão perdidos. Só queria apelar para a questão do perigo oposto.

Fico triste com a diablozação dos nomes tradicionais, os espíritos que se manifestam dos nossos irmãos convertidos pela imoralidade, são chamados de nomes como Theiasse, Muzima, por exemplo. Se por ironia do destino este tipo de religiões nos aculturar, adeus aos nossos sobrenomes e apelidos. Será está uma colonização Religiosa? Leio a história de Moçambique e o que noto é que os assimilados tinham hábitos do colono, se formos a ver os nossos pastores, já não são moçambicanos e jamais serão aquilo que agora pensam que são. São pessoas sem identidade. No final de contas vamos ver que são os catalizadores da imoralidade das religiões convencionais.

Vi numa placa de uma religião qualquer coisa como:... prestamos serviços em ... fiquei sem perceber nada. A verdade manda-me dizer que este é o troco da nossa ignorância em relação as religiões tradicionais, que agora são vistas como foco de burla.

Vovó Jaime Mantsena, que Deus o tenha, sempre disse: meu filho o feitiço do negro é a noite e do branco é de dia, por isso achamos que o negro é o pior feiticeiro pois de dia o branco nos convence que está a fazer algo normal. Nestes dias não deixo de pensar no meu avô, nos seus dizeres, pois o oportunismo de alguns religiosos, que diabolizam nossos nomes tradicionais, distanciam-me da minha real história e desvaloriza-me cada vez mais.

Mas algumas religiões tradicionais fantoches, tem vindo a se aproveitar da nossa ingenuidade e falta de orientação. A cada dia que passa vejo placas publicitárias a falarem de médicos tradicionais que vem de longe, que curam tudo menos a pobreza que lhes apoquenta. Esses sim são outros, que vestindo nossa máscara vão vivendo às custas da nossa desgraça. Estes e aqueles pais dos milagres, correntes e tapetes, deviam ser julgados pela nossa racionalidade.

A imoralidade que pretendo aqui trazer tem haver com o facto de quando passamos para as religiões convencionais, ignoramos nossa realidade. Os nomes tradicionais são vistos como símbolos do pecado, os filhos netos vêem nos seus antepassados autênticos diabos vestidos a carneiro. Moral tem haver com a orientação comportamental social e/ou individual como forma de manter e/ou promover a coesão social. A minha questão é: até que ponto este conflito entre as religiões pode destruir o tecido social que a todo custo o nosso país conquistou?

Aos famosos doutores Licenciados em Medicina Tradicional no norte de qualquer que seja o Continente, País; aos pastores, padres, que para mim são assimilados e catalizadores da colonização religiosa, queria apelar para que deixem de servir de maus exemplos, pois isso é que degrada a moral do nosso povo.