Quis a vida e o destino, que eu conhecesse dois intelectuais, preocupados em discutir ideias, nomeadamente Júlio Mutisse e Gonçalves Matsinhe. Este encontro, tem vindo a alimentar muita discussão neste meu canto de masturbação intelectual. Alguns já sabem qual é a génese. Se não sabem é o texto onde lanço uma tese uma tese segundo a qual, alguns intelectuais estão em sovacos políticos partidários. O curiosos é que na sua mais respeitada intelectualidade e capacidade de análise, Gonçalves Matsinhe afirma que: Infelizmente Lázaro Bamo, ainda não o vi discutir ideias. Se estiver errado me diga que ideia discutiu aqui?
Se me deu a honra de desprender seu tempo para ler o meu pobre texto, O streep Tease das Ideias e o Papel dos Intelectuais, certamente viu que procuro fundamentar a minha posição, digo claramente onde estão alguns dos nossos intelectuais e a fazer o quê. Não me limito a dizer aspectos negativos, mas a falar de aspectos também dignos de respeito e realce.
É triste ver nossos companheiros com afirmações pobres como: Eis nos aqui de novo. Depois de classificar alguns intelectuais de emocionados, invejosos e mal educados, agora acrescenta que eles são materialmente corrompidos... esta formula continua problemática para mim. Não conheço pessoalmente muitos dos meus interlocutores (incluindo o próprio Bamo) para chegar a tais conclusões... como sugere Mutisse, numa clara tentativa de me dizer que tenho que conhecer as pessoas para chegar a estas conclusões. Jurista de carreira, certamente já interpretou muitos teóricos, conhece-os? Certamente já emitiu juízos a partir do comportamento dos indivíduos. Conhece-os?
Temos mesmo que terminar na unanimidade de que a corrupção é a causa de todos os males? Não, se está lembrado não coloquei no meu texto apenas a corrupção e no fim vem etc.
Matsinhe, pergunta: Onde estava o Lázaro Bamo quando certos blogistas por questionarem civilizadamente as ideias do professor Carlos Serra em relação a diversos assuntos foram apelidados de Mandarins ou guardiões do templo? O que disse o Lázaro Bamo perante o insulto da Sara no Blog do Professor Serra no comentário ao post que deu neste debate? Onde estava o Lázaro Bamo nos insultos ao Patrício Langa no seu blog? Vem aqui hoje dar nos lições de moral sobre ATAQUES?
Não vim com lições pese embora minha formação académica me leve para a docência, apenas dei nome ao acto.
Talvez lhe esteja a ser difícil sair de algum sovaco para comentar como um bom (acho que pode ser) e independente intelectual esta ideia da necessidade de uma esfera pública comprometida com o debate leal dos assuntos que nos atormentam.
O mau não é estar no sovaco, o problema é que alguns estão em sovacos, cuja finalidade é usar e abusar os outros. Praticar injustiça, corromper, e tornar os méritos em deméritos, esse sim é um sovaco que não aconselho aos intelectuais que prezem como tais.
Um comentário digno de realce expresso por Matsinhe encontra na passagem onde escreve...Ser fiel a uma ideologia não escamotear os feitos negativos do expoente máximo dessa ideologia elevando os feitos negativos de quem defende a ideologia contrária ou teoricamente contrária. É ter capacidade de ver até que ponto, verdadeiramente, essas ideologias são contrárias e poder criticá-las nos seus méritos e deméritos. Este é na minha óptica, o dever de um intelectual mergulhado nos sovacos de qualquer que seja a natureza.
Phambeni
2 comentários:
Mais uma vez obrigado pelo seu tempo Lázaro,
Aqui vai o meu comentário no que me toca. Há coisas que eu nunca diria de ninguém. Quando diz por exemplo que o Matsinhe é egocêntrico e “vítima da bonança” são conclusões fortes que um mero comentário de dizeres blogeados não me permitiria atingir.
Profissionalmente comento muitos textos, tenho que visitar e revisitar a doutrina mas isso nunca me fez concluir que um ou outro doutrinário é egocêntrico, vítima da bonança, emocionado, invejoso ou mal-educado. Desculpe a POBREZA do meu comentário mas, please, não venha chamar nomes as pessoas a título de debate.
Gostaria que retivesse alguns pontos do meu pensamento nesta matéria, que norteiam a minha intervenção desde o início:
1. em Mozambique é possível debater sem adjectivações e convivermos BEM com a diversidade de ideias;
2. a concordência com um ou outro pensador, nacional ou estrangeiro, famoso ou menos famoso, não deve toldar a nossa independência de analisar, questionar e discutir o seu pensamento;
3. os juízos de valor que fazemos das ideias dos outros com que não concordamos não podem vir a público como uma etiqueta do género: este ou aquele intelectual escondem falcatruas, este ou aquele intelectual escondem falcatruas, este ou aquele intelectual é invejoso, este ou aquele intelectual é mal educado ou ainda, este ou aquele comentador é egocêntrico e vítima da bonança.
Isto é o essencial do que defendo. Já percebi que o Lázaro considera que há certos intelectuais que agem de acordo com agendas partidárias e que escondem falcatruas. Já percebi também que considera que alguns desses são emocionados, invejosos, mal-educados, corrompidos etc. Tudo isto conclusões. Cadê as premissas? Talvez me diga toda a gente sabe... ou que lhe estou a exigir provas. Mas para mim não basta o juízo de valor que faz desses intelectuais. Interessa também que diga de onde parte para chegar a tal conclusão. Que pensamentos desses intelectuais te apareceram que o fizeram tirar tais conclusões da mesma forma que conclui que o Matsinhe é egocêntrico e vitima da bonança.
Tenho dito. Se daqui não evoluirmos dou o assunto por encerrado.
Um abraço.
Mutisse
Bamo,
No texto que resume a vossa (sua e do Mutisse) troca de emails que temos vindo a comentar há dias V.Excia ainda NÃO discutiu nenhuma ideia. Em todos os seus posts V.Excia APENAS chamou NOMES a pessoas (não identificadas evidentemente) com quem, em algum momento não concordou em alguma coisa(pode concordar no futuro).
Se a sua forma de abordar questões que surgem num ambiente em que V.Excia diz apreciar "a abertura do debate através" do mundo de ideias subversisvas do Mutisse, então estamos mal. Pior é que, como diz, a sua formação académica pode o levar para a docência. Que estudantes do Social sairão das suas mãos incapazes de transpôr a linha do "estudo pessoal"?
Tenho aprendido muito na blogosfera. Os debates que tem corrido tem me ajudado a repensar sobre muitos fenómenos que ocorrem no nosso quotidiano. O debate sobre a corrupção que comecei a acompanhar no blog do jornalista Machado da Graça e as nuances que foi tendo nos diversos blogs faz me por exemplo pensar duas vezes antes de enunciar que o "povo come lodo no lugar de pão" por causa da CORRUPÇÃO por exemplo. Para mim a virada ocorrida em 1986 transformou o país num verdadeiro salve-se quem poder, potenciando desigualdades que até aí, no ideal do Estado que se pretendia construir, não eram MUITO visíveis. No mesmo espaço, no mesmo quarteirão, podem viver pessoas com níveis de vida completamente diferentes. O nível de vida de um individuo com formação superior pode não ser igual ao de um individuo com formação básica ou média geral ocupando categorias subalternas no seu posto de trabalho; seria justo então este último, olhando para o carrito do ilustre Dr., o seu vestir, etc considerá-lo corrupto? Estas, são em minha opinião, situações causadas pela via que escolhemos, a partir de 1986, seguir. Não podemos querer neste capitalismo selvagem em que vivemos, situações que, quanto a mim só seriam possíveis se se efectivasse, de facto, o comunismo que, em algum momento, repudiamos.
Isto não me torna insensível ao sofrimento da maioria é, apenas, a representação parcial do meu ponto de vista sobre como a tal economia de mercado que propugnamos transforma a sociedade em que vivemos. É uma luz que nos pode fazer ver que não é SÓ a corrupção (que existe de facto) que causa os desiquilíbrios no nível de vida dos Moçambicanos (mesmo entre irmãos).
Quanto ao resto ilustre Bamo... é bom que dê nomes a todos os factos. Dê os nomes às coisas iguais mesmo quando ocorrem no seu "QUINTAL". Não o aconselho a permanecer nesse sovaco em que está vilipendiando outros. Não lhe fica bem. É como se diz vamos discutir ideias e não pessoas.
O País oferece-nos premissas várias para discutir os fenómenos sociais. Podemos partir sempre de uma perspectiva histórica para perceber o que nos aconteceu. Não precisamos é estar as turras uns com os moutros.
Matsinhe
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