quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Cobardia de alguns intelectuais em debate na blogosfera

Queria trazer aqui meu comentário sobre o debate que se seguiu à publicação de um texto, aqui no meu canto de masturbação intelectual, com o titulo: O streep tease das ideias e o papel dos intelectuais. O texto foi bastante comentado e teve destaque no blog do professor Carlos Serra.

Caro Mutisse escreve em jeito de comentário que: Mais do que chamar nomes a todos esses, porque não discutir as suas ideias? Pô-las em causa nas suas fraquezas etc.?

Caro Mutisse, as convicções são prisões, dai que respeito sua opinião mas que ideias a discutir de indivíduos que estão corrompidos pelos bens materiais? Aliás eles são caixas de ressonância e consumidores passivos da cobardia, eis o meu ponto de diálogo.

Enuncia alguns problemas na sua missiva mas não os discute. Enuncia alguns problemas na sua missiva mas não os discute. Que elites lhe deixam triste por deixarem "a maioria comer lodo no lugar de pão"? Fala de académicos, políticos, intelectuais, governantes...? Se considerarmos que o Lázaro tem (suponho) formação (e informação) superior, estando num país com índices de analfabetismo assustadores, então faz parte de uma elite e, tomando a sua máxima, tem também a obrigação de "fazer muito mais, levando luz para o túnel onde habita a esperança da maioria". O que tem feito?

Os axiomas são indiscutíveis, caro Mutisse, que o povo come lodo no lugar de pão é evidente, e as causas meu caro são as que nós todos conhecemos: corrupção; falta de responsabilidade e respeito e consideração para com o próximo, etc.

O que tenho feito? Eis a pergunta do ilustre Mutisse. Convido a partilhar meus textos no jornal Zambeze; no meu sitio de masturbação intelectual; a ouvir o programa Matolinhas na Rádio Cidade 97.90 FM sábado sim sábado sim das 7horas as 10 da manhã. As reportagens em directo, todas manhãs no mesmo canal.

Caro Matsinhe, adorei a sua apaixonante visão e passo a citar: Há alguma forma de comprovar isso do que saber do ilustre Bamo que há intelectuais emocionados, invejosos e mal-educados patrioticamente? Já sabíamos que na óptica do Bamo alguns estão no sovaco de partidos políticos, apesar de não sabermos como é que ele chegou a tal respeitável opinião.

Pede-me provas? Isso é resultado do positivismo, onde o verdadeiro é o tangível e o imaginário é uma falsidade. Não lhe darei provas da minha posição pois ela é resultado de várias premissas lógicas que untam o nosso dia a dia.

Queria sugerir que me dissesse o caminho para chegar as suas conclusões sobre factos sociais, quem sabe poderá me ajudar a ter mecanismos matsinhanamente válidos, para credibilidade dos meus comentários.

Escreve ainda que: Longe de nos pormos em bicos dos pés como os puritanos, e nos colocarmos numa trincheira virtual de onde lançamos farpas para um inimigo não devidamente identificado, devíamos prestar um serviço público à nação usando o nosso tempo para clarificar a sociedade sobre os fenómenos penosos que estão a acontecer.

Caro Matsinhe, não tenho inimigos, e não discuto ideias nessa perspectiva, como forma de evitar ataque pessoal, que é um argumento falacioso. Queria que eu falasse de nomes? Se sim estamos em caminhos antagónicos.

Para além da sovaqueira da "vitimização" referida pelo Mutisse o Bamo tem que sair daquela da SOBERBA, PRESUNÇÃO e afins que o fazem pensar e ver a inveja, emoção e má educação dos outros para passar a discutir os méritos ou deméritos das opiniões desses.

Vejo claramente com este comentário, que estou diante de um intelectual ego centrista, vítima da bonança e como tal e filiando-se a visão mutissiana, faz um ataque pessoal ao Bamo, homem do povo, vitima que se assume como tal. Matsinhe e Mutisse não fazem critica, atacam suas vítimas como verdadeiros espartanos a busca de novas terras.

Nelson da Beira, escreveu que.. Minha revolta à esse intelectualismo se agiganta quando se vai ao cúmulo de usar dos seus saberes para "apedrejar" os que se lhes opõe... De certeza os mutissianos e matsinhianos irão te pedir provas disso meu amigo. Atenção.

Mesma chamada de atenção vai para Elísio Macamo, que em jeito de comentário sobre o assunto escreveu que …a necessidade de continuar a debater a questão revela, para mim, algo muito mais importante do que a forma como cada um de nós apresenta os seus argumentos.

Através do Nelson chegou-me o comentário do Micas, ele pergunta me, que poderão fazer mais os Serras, os Nelson e por ai adiante, que não o façam já?

Em jeito de resposta escrevi: Micas os Nelson, Serra tem muito a fazer, assim como Bamo e Micas. Denunciar e criticar, mostrar que há quem está de olho nas irregularidades, como forma de mitigar a falta de responsabilidade do estado em que estamos mergulhados.

Micas, enquanto alguns intelectuais continuarem a acobertar o político, viverémos no estado natural de Thomas Hobbes. O intelectual deve educar o político, como forma de criar um estado menos tempestuoso.

Phambeni

Vejam também: http://meumundonelsonleve.blogspot.com/ ou www.ideiassubsversivas.blogspot.com

2 comentários:

Júlio Mutisse disse...

Meu caro Lázaro,

Eis nos aqui de novo. Depois de classificar algusn intelectuais de emocionados, invejosos e mal educados, agora acrescenta que eles são materialmente corrompidos... esta formula continua problemática para mim. Não conheço pessoalmente muitos dos meus interlocutores (incluindo o próprio Bamo) para chegar a tais conclusões... mas conheço as suas ideias para as discutir de alguma forma.

A fluidez do seu pensamento e da sua escrita fazem me supor que seja um indivíduo com formação (e informação) superior. Estamos num país com indices de analfabetismo assustadores e sendo poucas as pessoas de formação superior em 20 milhões de moçambicanos, então o Lázaro faz parte de uma elite e, tomando a sua máxima, tem também a obrigação de "fazer muito mais, levando luz para o túnel onde habita a esperança da maioria". É isto que considera ataque pessoal da minha parte? Me desculpe, reformule a sua noção de ataque.

Considero ataque pessoal chamar mal educados e corruptos aqueles que defendem ideias diferentes das nossas. Considero uma fraqueza partir para este tipo de mansturbação para vincar o nosso desagrado relativamente aos posicionamentos dos outros.

Não preciso chamar nomes ao Zambeze (onde escreve o Lázaro) para vincar o meu desacordo perante as suas (do Zambeze) abordagens em alguns assuntos. Não preciso atirar pedras ao Lázaro, ao Patrício, ao Ilídio e a tantos outros com quem esporadicamente tenho divergência de pontos de vista.

É possível um debate de ideias sem essas coisas. Para ti é indiscutível que "o povo come lodo no lugar de pão" , e que as causas são as que "nós todos conhecemos: corrupção; falta de responsabilidade e respeito e consideração para com o próximo, etc."

Porque que é que isso é indiscutível? Conhecemos todos as causas? Se concordamos que, de facto "o povo come lodo no lugar de pão", temos que concordar nas causas que aponta para isso? De que é que parte para concluir que "todos conhecemos: corrupção; falta de responsabilidade e respeito e consideração para com o próximo, etc."?

Há pelo menos uma pessoa que, publicamente discorda da sua visão de que a corrupção seja a principal causa de "o povo come lodo no lugar de pão" (suponho que falas da pobreza), com argumentos que, quanto a mim, são válidos. Os seus pontos de vista estão expressos em diversos posts nos seu blog "Ideias Críticas". Porque não discutir esta diversidade de pontos de vista? Temos mesmo que terminar na unanimidade de que a corrupção é a causa de todos os males?

Lázaro, é da profissão que escolhi e do meu sentido de cidadão respeitador da legalidade estabelecida que primarizo as provas. As sentenças condenatórias só são exaradas quando provados os factos de que as pessoas vão acusadas... não me baseio no "toda a gente sabe"... creio que esta nunca deve ser a base de partida e chegada para quem quer publicamente expor os seus pontos de vista.

Bem haja o debate. Não combata os intelectuais combata as suas ideias. Saia desse sovaco também.

Matsinhe disse...

Infelizmente Lázaro Bamo, ainda não o vi discutir ideias. Se estiver errado me diga que ideia discutiu aqui?

Fez dois comentários a este post e só chamou nomes a pessoas: emocionados, invejosos e mal-educados. Agora diz que não discute com “indivíduos que estão corrompidos pelos bens materiais.” Mente com todos os dedos com que tecla ao escrever estes comentários quando diz não ter inimigos pois não se chamam essas coisas a simples oponentes em termos de ideias.

Não discute nada do que digo nem na resposta a si, nem nos demais comentários mas (como se me conhecesse) conclui que sou “egocentrista, vitima da bonança”. Com base em quê? Vá lá alguém saber? Haja paciência.

O sangue me alia ao Mutisse. Nem sempre as ideias nos unem ou uniram. Onde estava o Lázaro Bamo quando certos blogistas por questionarem civilizadamente as ideias do professor Carlos Serra em relação a diversos assuntos foram apelidados de Mandarins ou guardiões do templo? O que disse o Lázaro bamo perante o insulto da Sara no Blog do Professor Serra no comentário ao post que deu neste debate? Onde estava o Lázaro Bamo nos insultos ao Patrício Langa no seu blog? Vem aqui hoje dar nos lições de moral sobre ATAQUES?

Talvez se tenha desviado do essencial e não tenha percebido o que julgo que era sua intenção ao desafiar o Mutisse a fazer o exercício que fez e que temos estado a comentar. Talvez lhe esteja a ser difícil sair de algum sovaco para comentar como um bom (acho que pode ser) e independente intelectual esta ideia da necessidade de uma esfera pública comprometida com o debate leal dos assuntos que nos atormentam. Não somos todos académicos mas podemos sempre fazer um esforço de procurar entender o sentido e os méritos da intervenção de cada um.

A vida não é feita só de fidelidades. E mesmo quando estas relevam é necessário acrescentar alguma coisa mais. Competência por exemplo. Ser fiel à Frelimo ou a Renamo não é só cantar vivas. É algo mais. É poder acrescentar sabedoria em cada VIVA que se canta ou que se vá cantar.

Ser fiel a uma ideologia não escamotear os feitos negativos do expoente máximo dessa ideologia elevando os feitos negativos de quem defende a ideologia contrária ou teoricamente contrária. É ter capacidade de ver até que ponto, verdadeiramente, essas ideologias são contrárias e poder criticá-las nos seus méritos e deméritos. De certeza nunca fará isso porque alguns, na sua óptica estão materialmente corrompidos, para além de que existimos nós “geocentristas e vitimas da bonança”. Mas se tem competência, como eu julgo que tem (pode estar escamoteada por estar ensovacado em alguma coisa) devia ir para além dessas etiquetas que nos coloca.

Baza debater ideias e não pessoas.