quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O reinado de tubarões na N4

Numa bela tarde, de um fim de semana, decidi visitar minha amante, a Matola, queria respirar o ar da falta de água e luz em Malhampswene, Mussumbuco, etc. Ví meus irmão com carrinhas de mão, as mamanas com latas, crianças com recipientes do seu tamanho, todos a busca de água, porque lá é mesmo escassa. Senti que não estava na Avenida 4 de Outubro, estava no tapete vermelho. A minha amante, a Matola, tem o privilégio de possuir uma estrada de alta qualidade, com capacidade para pesos acima de cinquenta toneladas de peso bruto, diferentemente das outras tantas vias que o país possui. Também tem o privilégio de possuir uma das melhores básculas do país, na Texlom.

Verifiquei que vezes sem conta, abutres influentes, tem vindo a colocar seus camiões com peso bruto acima do permissível, o que vai desgastando aos poucos tapete vermelho, basta ver o troço entre cruzamento da Moamba e Malhampwene. Os camiões dos tubarões, que na sua maioria transportam areia extraída em Moamba, simulam da Texlom e Boane, através de uma via que passar por trás da Mozal e seguindo seu itinerário obscuro chegam aos locais onde depositam a areia que transportam. Há uma outra via de terra batida que de Malhampswene leva os tubarões à Avenida das Indústrias. Como mostra foto abaixo de um Camião notificado no Km16 usado via alternatica, contornando a báscula de Boane .
Certamente irão perguntar onde estará a polícia. Coitado dos membros da PRM, que vêem-se frustrados quando um telefone da chefia autoriza a soltura dos camionistas infractores, camionistas que passam a frente das básculas mesmo quando os agentes dão sinal para observar as normas. São camiões de gente poderosa, e o Ministro das Obras Públicas, Felício Zacarias, quando visitou a TRAC – Trans African Concession, em 2005 foi informado sobre esta situação, agiu e a ordem foi reposta mas isto só aconteceu até Dezembro do ano passado, de lá para cá, há fogo cruzado entre a TRAC e os camionistas.

A TRAC comprou duas viaturas para os agentes da PRM, faz a devida manutenção, como forma de combater os tubarões disfarçados em camionistas, mas tudo fica frustrado, assim sendo verifica-se a violação de um dos termos de referência no âmbito do contrato de concessão entre o Governo e a TRAC, segundo o qual o governo deve controlar as obras da TRAC. A foto abaixo mostra um agente da Policia de Transito notificando um camionista para a pesagem e este mostrando certa resisentência. Como nota-se não saiu da estrada

Os tubarões não são gentinha como o próprio nome já diz, é gente grande, que usando e abusando das influências que têm, desorganizam o estado Moçambicano, estragam a N4 e tornam mais precárias as estradas de terra batida, estas últimas usadas para fugir das básculas e dos impostos. Ao danificar o tapete vermelho e tantas outras estradas, o camionistas dos tubarões retardam o esforço do governo, resultado do imposto do cidadão comum, ao invés de mais vias de acesso em locais que necessitam, o governo passará os mandatos a fazer manutenção de estradas.

A edilidade da Matola já chamou atenção aos tubarões, mas nada de novo. São estes camiões que tornam precárias as vias que com capacidade para 38 toneladas de peso bruto permissível, suportam pesos três a quatro vezes superiores. Resultado, Matola com vias precárias Matola enquanto os tubarões enchem os bolsos.

Este cenário faz com que a concessionária da via, faça uma gestão de policiamento, como forma de garantir um dos seus maiores interesses, manter a estrada. As multas vão para estado, e este só tem a ganhar. Os tubarões vão se impondo, porque o país é deles.

O nosso governo, devia agora concentrar suas atenções na construção de novas vias aproveitando o facto da TRAC ainda estar a fazer a manutenção da N4, pois quando a N4 passar para o lado de cá, aí sim viverémos a realidade crua e dura.

Cá entre nós, os interesses dos tubarões, em nome de abertura de postos de trabalho e empreendedorismo, vão cavalgando a maioria. A impunidade aliada à negligência, vai denunciando alguns esquemas de troca de favores que infelizmente ainda polulam na terra que nasceu em Bagamoyo, Nachingwea, etc.

Quem era xiconhoca nos tempos lá idos e por mim não vividos? Qual é a sua diferença com os tubarões? Que medidas a tomar? Porque não se toma? Meus amigos, como dizia Maomé, a verdadeira riqueza de um homem é o bem que ele faz neste mundo.

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