terça-feira, 7 de agosto de 2007

Ni khenssile Scott

Queria dizer ao estimado leitor que o Nguilaze é arquivista de mão cheia da música moçambicana, em resposta ao meu artigo ele escreveu, o texto a seguir. Boa leitura.

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Alo Bambito,

Antes de mais, permita-me parabenizar-lhe por esta análise desapaixonada e desprovida de preconceitos sobre a música feita em Moçambique. O conflito sobre nova versus velha geração nas múltiplas esferas sociais, profissionais e artísticas data de longa data.

Um amigo enviou-me uma frase da autoria do Sócrates (470-399 a.c), que testemunha este facto e que passo a citar: “nossa juventude adora o luxo, é mal-educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos hoje são verdadeiros tiranos. Eles não se levantam quando uma pessoa idosa entra, respondem a seus pais e são simplesmente maus”.

Penso que esta citação resume tudo, e o resto é palha. Porém, gostava de manifestar as minhas inquietações sobre alguns aspectos em que se circunscrevem os referidos debates (?).

Propala-se aos quatro ventos que a música de raiz Moçambicana é a marrabenta. Dilon Djindji, nascido em Agosto de 1927, autoproclama-se o inventor da mesma. Será que as nossas raízes musicais jazem dos anos 40, quando Dilon “inventou” a marrabenta?

Afinal, quais são as particularidades rítmicas da marrabenta? Facilmente identifico o estilo o reggae, jazz, blues...até o dzukuta, mas tenho imensas dificuldades quando se trata de marrabenta.

Tive a oportunidade de ler as várias biografias constantes do livro “marrabentar” da autoria do Amâncio Miguel (2004). Na biografia do Pedro Langa, conta-se que ele, na companhia do Conjunto Hokolokwe, terá sido vaiado, em 1979, num espectáculo no realizado no Cinema Scala, por ter apresentado canções originais, quando o público estava habituado a ouvir aquele conjunto a interpretar temas populares de artistas estrangeiros.

E ademais, no mesmo livro, narra-se que vários músicos como João Domingos, Gabriel Chiau, Hortêncio Langa, Artur Garrido, começaram por imitar músicos estrangeiros da época e as pessoas curtiam bastante. (Lembro-me como se fosse hoje os inúmeros impropérios de que Rogério Dinis foi alvo ao proferir a palavra “curtir” no programa Espaço Aberto!)

Hoje, estes compatriotas - que vaiaram o Pedro Langa- andam a atirar pedras para cima dos músicos da nova geração, reclamando por ritmos que eles mesmos não curtiam.

Sou do mesmo diapasão no concernente o conteúdo das letras. Num artigo intitulado “a nossa música sofre de doença incurável”, publica na edição 250 do semanário Zambeze do mês passado, Samuel Matusse – o xi coração da Miramar – escreve que “quem ouve (palavras picantes), que aparecem em muitas músicas ligeiras nos dias que correm, pode pensar que é coisa de agora, da “democracia”, todavia a “bujardite”, se alguma vez foi debelada agora apenas está a ressuscitar”. E neste artigo, que recomendo a sua leitura, ele cita exemplos de músicas de Fany Fumo, Baza-Baza, Gabriel Chihao, Aberto Khossa, Tonganhane, Jaime July Chissico.

Para quê mais palavras..... Vamos Embora!
Um forte abraço!


Nelson Scott

PS 1: É também um pouco de hipocrisia nos pseudo-críticos da música jovem: falam tanto mal quanto curtem. O espectáculo de “Music Box Live” coincidiu com o gato do Salimo Mahomed a entornar o caldo no Franco Moçambicano. Pelos comentários, parece-me que muita gente preferiu ficar em cada a vibra com o “pimba”, enquanto nós curtíamos Madala wa Djeke e o regresso do Gabar!

PS 2: Está claro que não será nas noites do Cononuts que vou vibrar com o José Mucavel, Xidminguana ou Wasimbo. Mas também não tenho a mínima dúvida que não será no Franco Moçambicano onde vou vibrar com Zico, DJ Ardilas ou Danny OG.

1 comentário:

mãos disse...

Alo Manos:

Bamito

Acho eu que tens suas razões, mas não podemos proibir com que o cidadão apresente seu ponto de vista. O que interessa é que esse mesmo cidadão dê seu argumento...mesmos artistas que hoje conseguiram ganhar espaço, no amanhã serão eles a reclamar pelo que será presente. Então estaremos perante um ciclo vicioso, O CONFLITO DE GERAÇÕES.

Acredito eu que a criatividade esta a navegar...uns apenas procuram espaço apar se afirmar e isso não acontece devido aos chamados esquemas (comissão, quem dá aparece, quem compactua com os abutres, vai voar...

Também não saio em defesa da velha ou nova geração, nem critico, mas apenas compactuo com a qualidade, para que num amanhã estes mesmos músicos possam falar do seu passado...

Jovens cresçam e apareçam...vem ai o vosso dia 12 de Agosto, estaão de parabens.


Nelson Scott

Não optaria por discutir a marrabenta, senão (arrebenta debate)...apenas quero dizer que o público Moçambicano varia consoante o dia, são vários factores que determinam as enchentes nos espectaculos, apesar de existirem os chamados "Ouvidos apurados"...dai que a visão PS.2 sobre o local onde irás vibrar ou o telespectador estará a quebrar o esqueleto, diria eu, que cada músico tem seu público...a verdade é que o padza dá pra quebrar o esqueleto e lá do fundo ver os passos dos putos...

A interpretação de outros nomes, este problema não é de hoje, Salimo várias vezes confessou que tocava na sua juventude, alias ainda é jovem. Passo a citar algumas frases que me vêm a memória "Eu comecei a cantar tocando o Calhabeque , do Roberto Carlos e alguns temas do Mick Jagger...então, cada um tem sua base e influência...

Phambeni e Ndlela
Wharetwa
Yebo