segunda-feira, 31 de março de 2008

TRISTEZA DE VIVER NUM PAÍS SEM OPOSIÇÃO

Queria convidar ao estimado leitor a partilhar os dizeres de Orson Welles, segundo os quais, “ Muitas pessoas são bastante educadas para não falar com a boca cheia, porém não se preocupam em fazê-lo com a cabeça oca" . Este convinte surge na sequência de alguns pronunciamentos que tive a oportunidade de acompanhar numa das sessões do parlamento moçambicano.

Sentado algures, com meus auriculares ligados, ouvia discussões (des)necessárias, alguns diziam que o povo está cansado do governo, por isso que em algumas vezes toma-se decisões/posições desastrosas. Diziam as vozes da oposição que queriam governar, mandar e trazer a felecidade ao povo, .....deixem a RENAMO governar.... achei interessante a ousadia, descobri que não só Platão sonhou o inconcretizável hiperurâneo (mundo perfeito), como também jovem cheios de forças ainda se encontram mergulados em utopias.

Queria aqui chamar atenção para a questão do perigo oposto, pois o ideal democrático (governo do povo/maioria ) actua tanto dentro ou fora do sistema democrático, mas ainda que ele se oponha a autocracia ou tirania , quando exagerado pode tomar o lugar do seu inimigo (autocracia ou tirania) e ao invés de somente destruir o inimigo ele irá realçar o sistema que criou, é o que evidentemente poderá acontecer, caso os pais da democracia se hospedem na ponta vermelha.

Infelizmente tenho que reconhecer que a nossa oposição não se apresenta como alternativa, já explico: como por exemplo, pode um parlamentar defender que obras que incitam violência possam se defundidas para o consumo público? como pode um parlamentar não apresentar uma postura de cidadania para criar harmonia na sociedade e no povo que era suposto ele representar no parlamento? como pode um parlamentar (legislador) estimular actos de violência? quem afinal é o garante da implementação da lei, ordem e tranquilidade públicas? Meus caros minha tese hoje é: Moçambique não tem alternativa político - partidária.

Acredito que o país, precisa e merece parlamentares interventivos, capazes de não apenas denunciar, desmacarar mas acima de tudo avançar propostas de solução sem olhar para as cores partidárias e lutando pelos interesses da maioria. Caros deputados, a Demagogia e Absolutismo são atitudes que surgem mesmo na busca da perfeição devido a irreflexão do homem, dai que somos chamados a usar a razão e ter cautela com o exagero dos nossos ideais.

Parece haver alguns parlamentares pro-desordem, que acham que o povo deve se rebelar para buscar solução dos seus problemas; que acham que o povo não é pacífico, que deve mostrar ao governo que é preciso que haja sentido de estado e responsabilidade do governo. Apoio esta posição, não concordo é quando dizem que a solução está com o governo sombra, que para tal deverá nascer do ventre da Maria mãe de Jesus e salvar a terra do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Ìndico.

Bom posso até não concordar com uma só palavra do que dizem, mas só moralmente obrigado a defender até a morte o direito que tem de dizer as coisas. Poderão certamente perguntar o que sugiro, como minha tese ou seja o que pretendo ao afirmar que Moçambique não tem alternativa político - partidária, pretendo apenas e unicamente dizer que temos que fazer uma oposição enraizada na ciência e na razão e não na emoção. Porque se não sabem meus caros, nós o povo sabemos, que querem as relagalias que os outros têm, querem nos governar e se afirmarem na sociedade, se vingarem dos vossos inimigos usando o poder, sabemos meus caros que todos usam o nome do povo para ter Ford Ranger. Porém se os vossos sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupem , pois eles estão no lugar certo agora construam as bases para lá chegarem.

Meus caros deputados, pais da democracia, quero vos sugerir os dizeres de La Rochefoucauld segundo os quais, se nós não tivessemos defeitos, não teríamos tanto prazer em notá-los nos outros. Uma vez mais está evidente o perigo oposto de Giovanni Sartori. Os deslizes da nossa fraca oposição, só fortalecem o partido no poder, que enquanto assim for, continuará a governar seus amigos e inimigos.

Para semana vamos falar dos outros, mas aos matsangiças ( seguidores de André Mtsangaiça – Fundador da RENAMO), quero que saibam que o único lugar onde o sucesso vem antes que o trabalho é no Dicionário, assim dizia, Einstein.

4 comentários:

Edmundo Galiza Matos disse...

Meu caro amigo: na oposição, sobretudo naquela a que te referes, existem - acredite - pessoas inteligentes e que, por isso mesmo, sabem muito bem o que estão a fazer: ali naquela casa (AR), e porque sabem que estão a ser vistos (TVM) e ouvidos (RM) as mensagens que fazem passar não se destinam a ti nem a mim nem àqueles que têm um mínimo de poder de análise. As mensagens deles têm um alvo: Os INCÁUTOS, os Descuidados nas análises de fenómenos políticos, históricos, sociais e económicos. E acertam só que ... até um dia. Um deputado como o Mávida tem um tal poder de atingir as mentes mais fracas socorrendo-se de discursos populistas, demogogos e até, o que é mais perigoso, tribalistas. Eles sabem o que estão a fazer.
O que interessa é que tu, na comunicação social, sejas capaz de levar o teu auditório a não cair na "maquinação diabólica militantemente assumida" (ayuwéééé) pelos filhos de um pai da democracia que começa na sua cabeça e a defeca na sua latrina.
Um abraço

Mzimu wa Akayinga disse...

Oi Lazaro, tas no bom caminho como Filosofo. Podemo-nos encontrar no www.ridiplomacia.blogspot.com? Gostaria de ter suas opinioes.

Abraco

Júlio Mutisse disse...

Tinha dito ao Lázaro que comentaria este texto. Excuso-me de repitir os ditos do Edmundo com os quais concordo largamente.

Há muito se tem dito que aOposição moçambicana (sobre)vive da observação à frelimo sem se constituir ela mesma uma solução para os problemas que detecta e, logo, sem poder ser uma alternativa.

É triste. Mas é a realidade. Não basta apontar a ponte que não está feita; é necessário indicar como seria feita em face dos constrangimentos que, suponho, conhecemos. Não basta dizer que a economia vai mal por opções erradas do Governo do dia; é preciso dizer quais, na opinião da oposição, seriam as políticas certas. Infelizmente disto nãoouvimos.

Chegaremos lá.

Mutisse.

Lázaro M.J.D.M Bamo disse...

Meus camaradas, nos temos estado a discutir trabalho daqueles que fazem algo, independentemnte dos resultados do que fazem, mas fazem, e nos quermos que eles facam mais, que acordem e que saibam, que o povo, estuda politica, sociologia, direito, fisica, economia, matematica, etc dai que faz leituras; esse povo nao 'e consumidor pacifico dos politicas e estrategias de desenvolvimento da nacao. Agora 'e triste quando a oposisicao, com tendencias etnicas e discriminatorias aparece a dizer a solucao dos problemas dos mocambicanos como se estivesse a responder 1+1. Num passado recente um blogista ousou apelidar-nos (nos blogistas)de membros da oposicao, nao tenciono aqui provar o contrario ou enaltecr seu comentario, apenas quero chamar atencao para o facto de que se nao discutimos a oposicao 'e que seria perca de tempo, ela nao nos diz nada, nao interessa, por isso nunca sugerimos a oposicao como solucao, sempre optamos por subsidios e ideias inovadoras dentro da actual estrutura governativa, que o diga o Mutisse Nelson da Beira e tantos outros.