Todo processo revolucionário no mundo teve seus precedentes e todos somos chamados a intervir de várias formas. Uns contribuem para revolução através da arte, da ciência, política, e de outras tantas formas que revelam aquilo que é o dom e qualidades individuais. O debate aceso na blogosfera e na imprensa, tem estado a mostrar o quanto os intelectuais moçambicanos estão interessados em dar seu contributo para consolidação da democracia e justiça social. Os debates são interessantes, talvez seja por isso que o presidente da república Armando Emílio Guebuza, através do seu blog, decidiu juntar-se a este grupo de cidadãos que no seu dia a dia, procuram pensar e partilhar ideias sobre o desenvolvimento do País.
O debate na blogosfera tem os olhos postos no acontecimento da actualidade, as eleições de 28 de Outubro. Vejo alguma tendência que mais se parece com intolerância política, pois a abordagem dos assuntos e a exposição dos pareceres, tem como base as cores partidárias e não olha para o conteúdo e o sentido dos argumentos. O extremismo se reflecte ma bipolarização dos intelectuais, onde encontramos os famosos Apóstolos da Desgraça e os Puxa Saco. Encontramos também muito que se refugiam na auto-vitimização, para granjear simpatia e aplausos e consagração como heróis, os bons da fita, eternos lutadores. Outros são mais maquiavélicos, autênticos lobos vestidos a carneiro. Mas todos tem uma meta, um kit de regalias e bem estar.
No meu entender esta bipolarização da massa intelectual, tem como base a intolerância política existente nosso país, que se manifesta em todas formações políticas. Não raras vezes, através de discursos bélicos, os membros de vários partidos demostram o quanto não admitem a coexistência e convivência política pacífica. Expressões como, vamos depenar, vamos assar, vamos pilar, vamos esmagar, quando chegar a nossa vez vamos mandar prender o fulano e o sicrano, demostram que os partidos políticos moçambicanos, não teria nenhum receio em submeter o país a uma paz armada.
Todos tem um espírito que os move a uma paixão sobre Monopartidarismo e exclusão social. Querem por exemplo tirar riqueza dos ricos e dar ao pobres e se perpetuarem como únicos dirigentes justos e habilitados em Moçambique. Ao tirar riqueza dos ricos e dar aos pobres é na minha óptica uma forma de exclusão social dos ricos. Mas queria aqui chamar atenção para a questão do perigo oposto, pois o ideal democrático (governo do povo/maioria ) actua tanto dentro ou fora do sistema democrático, mas ainda que ele se oponha a autocracia ou tirania , quando exagerado pode tomar o lugar do seu inimigo (autocracia ou tirania) e ao invés de somente destruir o inimigo ele irá realçar o sistema que criou, é o que evidentemente poderá acontecer, caso os pais da democracia se hospedem na ponta vermelha.
Alguns intelectuais viraram ignorantes de tal forma que vestidos em pseudónimos como eternos viajantes da embarcação da cobardia, vão insultando os membros de outros partidos e os intelectuais imparciais, chamando-os disto mais aquilo, sem nunca dar a cara, pois sabem que sua embarcação é uma autêntica aventura de um político de barriga vazia, que não acredita no seu refúgio mas também não quer acreditar nos que são diferentes. Ao vestir-se a Carneiro, quando é um Lobo, este grupo pretende acautelar seu futuro, por temer a intolerância política que melhor conhece e cultiva com tamanha ignorância que ostenta.
Será disto que o país precisa? Permaneço na ignorância e apelo uma nova atitude. Temos uma frontalidade dos intelectuais que estão cientes e comprometidos com seu papel, mas alguns, ao procurar combater ditadores acabam sendo meta-ditadores.