terça-feira, 27 de abril de 2010

Carta ao presidente da República

Excelentíssimo Senhor presidente, Armando Emílio Guebuza, não sei se poderei repetir esta forma de tratamento ao longo desta missiva, mas deixo claro desde já que o respeito está mais dentro de mim que nas palavras que tiro e escrevo. Sei que o chefe do estado prepara-se para ir a Portugal, aonde vai efectuar uma visita de trabalho, sei que tem agenda súper cheia, sei também que muitos dos assuntos chegam a si através de assessores.

Escrevo-lhe esta carta para dizer que aguardo por si na Matola, para que como alguns jovens da cidade de Maputo, tenhamos também oportunidade de interagir com senhor presidente, temos também planos e projectos e gostaríamos de partilhar com a nação. Confesso que quando recebi a informação do encontro com a juventude da cidade de Maputo, fiquei com esperança de também lá na Matola termos a mesma oportunidade, acredito que tarde ou cedo isto vai acontecer.


Excelentíssimo Senhor presidente

Como é que um país pode viver tantas desigualdades, muitas das vezes criadas por meros problemas de gestão dos seus sequazes. Como é que vamos combater a pobreza, se somos hostilizados, humilhados, perseguidos e maltratados? Como é possível sermos a viragem se o nosso volante está fora do nosso controle? Como é possível, Excelentíssimo Senhor presidente, que o país cresça se muitos dirigentes não se interessam por isso? Como é possível Excelentíssimo Senhor presidente, que uma minoria julgue a maioria e subestime a inteligência do povo?

Excelentíssimo Senhor presidente

Porque é que os seus não te imitam, porque é que eles não conversam com o povo? Porque é que quando são levantados problemas eles simplesmente fogem da sua responsabilidade? Porque é que os seus mentem e subestimam ao seu povo? Muitos de nós, exilados nas cavernas, vamos assistindo a patológica ignorância de alguns dirigentes, que rezam para que o país sejam um mar, incolor, insípido, inodoro mas acima de tudo insuportável.

Excelentíssimo Senhor presidente

Eu espero que venha a Matola, reúna com jovens e adultos, crianças, idosos; vendedeiras, costureiras, camponeses, operários; espero que o senhor presidente oiça a todos estes, e tome nota, porque a Matola também tem algum a dizer. Não se esqueça Excelentíssimo Senhor presidente, de ir a Infulene, Maphandane, Tsalala, Matola Gare entre outros, não se esqueça de reunir com a malta jovens, esta camada desesperada e sem norte; esta camada humilhada pela falta de empregos e oportunidades; estes jovens entregues à sua sorte e com o azar de serem apelidados de marginais;

Excelentíssimo Senhor presidente

Como seremos nós a viragem, se o futuro não passa de uma miragem!
Como seremos nós o futuro desta nação se somos uma utopia de geração!
Como, seremos nós donos do nosso futuro se somos manipulados e ensinados a manipular!
Pergunto e perguntaria mais, se o camarada presidente viesse a Matola, para ouvir, me escutar e me dar resposta a estas perguntas;

Se somos três geração uma nação e um só povo, não queremos ser enteados, para poder passar o testemunho, aguardamos por si meu presidente, e se poder venha como a mamã da Luz.