segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Estradas em buracos ou buracos em estradas?

Meus caros, parto do principio de André Gide, segundo o qual, Tudo já foi dito uma vez, mas como ninguém escuta é preciso dizer de novo. Cá estou movido pela razão. Felizmente, encontro-me mergulhado numa aventura amorosa com uma cidade chamada Matola, conhecida em tempos como capital industrial, hoje cheia de cavalos brancos.

Fiquei feliz com a nova toponímia, que estampou em várias artérias da Matola, novos nomes em susbistituição de colonos e atribuiu aos que não tinham alcunha. Fiquei feliz porque, Josina Machel, Eduardo Mondlane, só para citar alguns nomes, foram homenageados e o dia da assinatura dos acordos de Roma, 4 de Outubro 1992, acto que trouxe paz ao nosso país, mereceu também uma especial atenção.

Entendi o gesto como homenagem verdadeira, como reconhecimento das figuras e efemérides, mas a experiência tem me provado o contrário, senão vejamos: No final do primeiro mandato, o executivo da Matola, liderado pelo falecido Carlos Tembe, brindou os matolenses com uma grande obra, a avenida 4 de Outubro, que liga a cidade de Maputo (Benfica) à Matola (Bairro Acordos de Lusaka), e durante muito tempo, o feito foi tido como uma promessa convertida em verdade.

Hoje em dia a estrada é o que é, cheia de buracos. O ponto de descórdia entre Maputo e Matola, priva os munícipes de circularem em melhores condições. Maputo não quer resolver o problema que se verifica na ponte que atravessa Malaúze, no Benfica(Cidade de Maputo), alegando que a obra é da Matola, este por seu turno diz que já fez muito ao ultrapassar a ponte e chegar ao Benfica. Resultado: Munícipes entragues à sua sorte. E pergunto: Maputo e Matola cadê a unidade Nacional?

Mas não é só a 4 de Outubro que está marginalizada, temos a avenidada que leva o nome do herói de todos nós Eduardo Mondlane, que parte do nó da Machava à Padaria Pão de Lenha, um autêntico caus, que é conhecido por todos. E os vereadores como dizia num artigo, o jornalista Ângelo Munguambe, continuam dorminhocos. O argumento é de que a estrada está na responsabilidade da Administração Nacional de Estradas, mas na minha modesta opinião, a edilidade deve resolver o problema ao invés de procurar o culpado.


Outra figura homenageada, é a heroina Josina Machel, a nova toponímia não a deixou de fora, mas o vereador dominhoco, parece que está farto e quer se retirar do xadrez, por isso que prefere aguentar com sermão até o final do mandato, que não tem mais um ano de sobrevivência. Isto porque vezes sem conta já falou-se do problema mas nada feito. No entanto a maioria, que num estado democratático desempenha um papel importante, está a ser frustrada.

Em suma, queria apelar ao executivo da Matola para que tome a opinião, não como um ataque pessoal, mas acima de tudo como uma forma de participação do cidadão na gestão do bem comum. A estrada Regional, Av. Eduardo Mondlane precisa de ser reabilitada e é o vereador que deve negociar com a Administração Nacional de Estradas.

Por uma questão de bom senso e valorização do investimento, feito na Av. 4 de Outubro, a edilidade deve resolver o problema, pois o vizinho não perde nada antes pelo contrário, irá assistir quando o dono da infraestrutura estiver na acareação. Quanto à Josina Machel, só da opinião quem por respeito ao cidadão que vive num país democrático, urge colocar as máquinas de reabilitação de estradas que o Município possui, ainda que poucas, a funcionar.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O Streep Tease das Ideias e o Papel dos Intelectuais

Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades .
http://oficinadesociologia.blogspot.com - Carlos Serra

Movido pelo tempo em que me encontro mergulhado até ao pescoço, vejo que muitas são as correntes que buscar interpretar e compreender a sociedade, daí o bumm de ideias que são expostas, agora mais do que nunca, ao serviço das massas.

Há um Streep Tease das ideias que na minha óptica, tem vindo a alimentar debates, a prova disso são as contribuições intelectuais que podemos encontrar na blogsfera, o que tem vindo a clarificar o papel do intelectual, que é de ajudar com sua análise a sociedade a esclarecer-se de vários factos, vão demostrar ao mundo porque é que as angústias humanas diante da vida provêm, muitas vezes, da necessidade de realizar escolhas, como dizia Jean Paul Sartre.

No meu país, cheio de fome miséria, demagogia, ainda carecemos de mais intelectuais corajosos, que não se escondem nos sovacos de partidos políticos em detrimento dos interesses da maioria. Temos muitos intelectuais que não comungam este streep tease de ideias em beneficio da maioria, por um lado são movidos pela teoria das elites, por outro temem serem isolados e descomungados de regalias, são autênticos tiranos da globalização.

É curioso que esses intelectuais cobardes, nos tempos da clandestinidade, eram arquitectos de frentes para libertar a nação da fome e da miséria, aniquilando o inimigo (colonos e traidores); eram homens que buscavam a liberdade para que fazer o streep tease das ideias em beneficio do povo, da maioria, como se pretende que seja o papel dos intelectuais. Agora que tem a praça da Independência e os microfones e câmeras, simulam o povo e mal desempenham suas funções, aparecem em missões político partidárias.

Que teme um intelectual de desempenhar seu papel? Que teme um intelectual de fazer streep tease das ideias, isto é, falar sem que ninguém ou nada o intimide? Fazendo este guisado de ideias, chego a conclusão de que, os intelectuais em Moçambique são poucos, o resto é um bando de cobardes que se deixa levar pela Teoria das Elites de Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca e Robert Michels, que nos trás a idéia da existência, em todos os níveis sociais, de indivíduos portadores de dons característicos que lhes predispõem à liderança, em detrimento de uma maioria que não possui capacidade de livre escolha e participação.

Assim sendo o governo das massas ( estado democrático) é uma miragem, e os intectuais cobardes, que não querem ser abocanhados pela miséria, fome e pobreza absoluta, preferem proliferar círculos eleitorais e trabalhar mais para fundamentar ideias politicos, fugindo assim da sua responsabilidade, que é de colocar Holofotes nas mentes das massas.

Contraponho a teoria das elites e arrisco-me a tudo e nada, para everedar pelo pluralismo na óptica de Sandor Halebsky, que numa das suas cinco proposições sobre a teoria, fala da Dispersão do poder - o poder não está em nenhum centro, os recursos políticos estão amplamente distribuídos por toda sociedade e, com efeito, nenhum número limitado de grupos é todo-poderoso, nem há um único grupo de elite.

Se é verdade que os nossos intelectuais precisam de se afirmar na sociedade em beneficio da maioria, que envolve também a menoria como parte de um todo, não é menos verdade que os intelectuais devem despertar a sua conscência racional e deixarem de lado os 4x4, que ostentam as custas da miséria da maioria.

Sugiro um Streep Tease das Ideias para que todos abutres possam se sentir atraidos e seduzidos pela racionalidade, como forma de despí-los da ganância, corrupção e deixa-andar.

Lazaro Bamo

sábado, 12 de janeiro de 2008

Obrigado lei 2/97

Fiquei feliz ao saber que a lei das autarquias locais, 2/97 no seu artigo 60 foi observada, todos poderes passaram para a senhora presidente da Assembleia Municipal Maria Vicente, agora com todos poderes para decidir até exonerar vereadores.

Perdi noites a pedir ao senhor do além para que tal acontecesse, isto é, que a lei fosse observada, pois não foi constatada nenhuma necessidade de cautela como algumas correntes gananciosas pretendiam.

A melhor prenda além do cumprimento da lei, é a Maria Vicente dar continuidade ao projecto de Carlos Tembe, que Deus o tenha, pois não há roda a inventar é só cumprir com o que já foi desenhado. Irémos cobrar as promessas e dívidas e nada de se atirar culpa a ninguém, pois todos assessores e colaboradores directos do edil Carlos Tembe sempre se mostraram apoiantes do projecto daquele e de todos nós. Queremos a Matola como cidade da cultura, queremos a Matola mais desenvolvida, este é o TPC que a Maria Vicente deve fazer.

Obrigado por ter-se observado a lei 2/97 e obrigado por não termos sido desviados da legalidade para oportunismo e ganância. Creio que os Matolenses a quem respeito muito, dão-se por contentes com o facto.

Já agora senhora presidente interina, Há que tornar a ungir os cavalos guerreiros e levar a luta até ao fim; porque quem nunca descansa, quem com o coração e o sangue pensa em conseguir o impossível, esse triunfa, como diz um ditado e é a vitória o que nós queremos.

Infelizmente para eles e felizmente para mim e muitos, não foi desta que os gananciosos assaltaram a autoridade moral e legal da Matola e todos saímos a ganhar. Perderam os que do bem público queriam fazer privado, aqueles que queriam contrariam o pensamento de que Ninguém se tornou ilustre por fazer o que lhe apetecia, como defendia Montapert.

Perderam sim porque esses não queriam o bem, não queriam nos ensinar a cumprir com a lei muito menos a serem exemplos, esqueceram-se de que Quem não ensina um ofício ao seu filho ensina-o a ser ladrão. Felizmente veio um exemplo claro de que nem todos são gananciosos muitos menos mal intencionados.

Agora apelo a todos para que juntemos as forças para tornar a Matola aquilo que sempre sonhamos, uma Matola desenvolvida próspera e cada vez mais acolhedora. Boa sorte Maria Vicente e até breve.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Fogo cruzado no município da Matola

Uma vez como se de professia se tratasse, escrevi uma crónica onde eu falava de amigos de onça que rodeavam o falecido edil da Matola Carlos Tembe, paz a sua alma, hoje estes amiguinhos de onça já não se escondem, autoproclamam-se.

A luta pelo poder e pela herança, são factos que a história e o tempo nunca conseguiram sanar, a verdade é que no mundo de política e da demagogia há sempre os mais ambiciosos, mais gananciosos mais intriguistas e ditadores, e a Matola ainda de luto vive este cenário.

Conta-se que há um vereador com certa idade que não para de mover seus paus para tomar o lugar vazio deixado pelo insubstituível edil da Matola Carlos Tembe que perdeu a vida em Dezembro último. Conta-se que ele no dia do sucedido e usando suas fortes influências no partido Frelimo na Matola, teria engendrado um golpe e interpelado a governadora numa reunião de emergência havida no município da Matola, afirmando que tinha orientações vindas do partido que podiam melhor esclarecer o que a lei diz, isto é , que devia se ter calma em relação a subida consagrada pela lei da Sra. Maria Vicente, presidente da Assembleia Municipal em substituição do edil da Matola, aquele que estará sempre no nosso coração.

Conta-se que ele foi logo censurado em observância da lei mas mesmo assim ainda tentou entrar em contacto com o Ministério de Administração Estatal como forma de açambarcar o poder, mas felizmente não foi desta. São homens desta natureza que a Matola não merece nem precisa, são homens desta natureza que fora o facto de serem ambiciosos querem implementar a ditadura que aliás se verifica a nível do pelouro do vereador ganancioso, seus subordinados dizem que vivem como sapos cuja vida e o trabalho se resumem nas orientações descabidas do seu chefe, por isso dizem eles, agora já há campo para trabalhar com jovens e implementar projectos ideias para Matola.

Um episódio triste e vergonhoso verificou-se na quadra festiva, onde o vereador gananciosos e ditador, desviou o cabaz da chefe do gabinete da edilidade, aliás algumas correntes dizem que a encomenda foi mal feita, mas na arrogância o vereador disse que já havia consumido tudo, pois é, em época das festividades há muita cede. O que me espanta é que ele primeiramente prometeu devolver o cabaz, mas não honrou com sua palavra, ou seja mentiu e levou coisa alheia, o que fora a lei dos homens, se o senhor vereador for religioso violou um dos dez mandamentos.

Com as minhas atenções como cidadão, com direitos e liberdades consagradas pela lei mãe, a Constituição da República, o que não significa que devo ou posso emitir juízos para denegrir ou defamar quem quer que seja, quis aqui retractar um exemplo claro de que existem facções no Município da Matola, há um verdadeiro fogo cruzado, onde os embondeiros acham que tem espaço para fazerem valer seus ideias que não passam de políticas visando enganar a maioria. Quero convidar ao caro munícipe a medir comigo o pulsar da Matola nos próximos tempos, para juntos sabermos quem é por nós e quem é contra nós.

A verdade é que as facções ou blocos opostos estão firmados e a guerra já começou, o divisionismo de nada irá ajudar na concretização dos planos e estratégias de desenvolvimento da autarquia, antes pelo contrário, serémos mergulhados numa cidade onde há guerra de todos contra todos, onde viverá o peixe de boca maior, como se apresenta ou aparenta o vereador ganancioso, este sim irá se dar bem na cidade terrena bem retratada por santo Agostinho.

Esses embondeiros queriam passar por cima da lei, queriam açambarcar a Matola e tenho certeza de que não pregam o olho, mas estamos atentos para questionarmos todas irregularidades. Vamos continuar encima dos acontecimentos.

Queria chamar atenção para observância da humildade pois como dizia Juan Luis Lorda, A experiência da nossa fraqueza e o reconhecimento de que agimos mal, é algo que humilha. Quando à fraqueza se une o orgulho, o engano pode chegar a extremos patológicos: não se conforma com uma modesta justificação, mas incomoda-se com a verdade, com os que lhe dizem a verdade, ou com os que a vivem.

É verdade que a adversidade é um trampolim para a maturidade, mas quando acrescemos a ganância, como é o caso da Matola, podemos cair num covil de víboras. Queria apoiar me ao Martin Luter King Jr que afirmava e com razão que A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio. Eis aqui a minha medida neste termómetro sugerido pelo reverendo.

Parémos a guerra e intriguismo vamos dar continuidade ao legado de Dr Carlos Filipe Tembe que cedo nos deixou deixando nossas almas partidas e um vazio em nós.
Lázaro Bamo

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Os estados devem ser mais actuantes na atribuição de Direitos de Uso e aproveitamento da terra

O Centro Terra Viva, através da sua Directora Executiva, Dra. Alda Salomão, esteve recentemente em Kénia a convite do Institut for Law and Environment Governance- ILEG, para fazer parte de um Workshop subordinado ao tema, Missao de Aprendizagem e Troca de Experiencias Sobre Direitos de Acesso à Recursos Naturais. No encontro estiveram organizações como Accord (Uganda), Zela (Zimbambwe), algumas ONG’s norte-americanas e na qualidade de financiadores do encontro, estiveram presente representantes da Fundação Ford para zona Austral e Oriental de África.

O workshop tinha como objectivo principal, mostrar aos participantes algumas experiências negativas vividas por comunidades que enfrentam problemas no acesso e uso da terra, segundo a Dra. Alda Salomão, os participantes visitaram a região de Mombassa e as proximidades do Lago Vitória, dois pontos com um grande potencial económico e turístico, por isso registam elavado índice de conflitos.

Como em alguns países africanos, o Kénia não apresente situção diferente, pois verifica-se naquele país a atracção do investimento privado mas que “ não respeita a política de responsabilidade social, ambiental e avaliação do impacto ambiental” disse a nossa entrevistada, tendo citado alguns exemplos de conflitos na região de Mombassa onde “ há um operardor que exoplora a indústria de produção de Sal, que não observou a questão da consulta pública, e unilateralmente desviou o curso normal da água e alterou o aspecto natural da paisagem, privou as comunidades de consumo de água e na época chuvosa as águas não tem por onde escorrer, o que cria situações de alagamentos”, o mais grave ainda é o facto de estar a verificar-se naquele local a salinização da Terra e das fontes de água e as comunidades estão agastadas com a situação pois segundo a Dra. Alda Salomão, elas sentem que não estão a ser acautelados aspectos ambientais, aliado ao facto do governo não estar a fiscalizar a fábrica. Fala-se, segundo a fonte que temos vindo a citar, de precárias condições de trabalho na fábrica.

Outro caso de conflito em Mombassa, que mereceu realce, tem haver com o facto de um investidor privado, aparentemente influente no governo keniano, ter solicitado várias extensões de terra para plantação de Cizal, mas o que se verifica é que ele tem estado a vender a terra terceiros, ele teria vendido uma parte da parcela a um investidor que pretende erguer um campo de Golf na região e para satisfazer os seus intentos “ ele está a fazer retirada e reassentamento forçado das comunidades” disse a nossa fonte. Porque lhe foi atribuida uma parcela pertecente a comunidade, há conflitos e algumas familias sairam outras ficaram e as renitentes estão a ser maltradas e ameaçadas. Este facto provoca revolta uma vez que a terra não está a ser usada para os fins de palantação de cizal, o que em sí já é uma violação. Naquela plantação foi construido um posto policial que está para guardecer o local da invasão das comunidades.




No meio deste cenário, questionamos a nossa entrevistada qual era o papel do governo, ao que ela respeondeu dizendo que “ a posição do governo é duvidosa e num encontro que tivemos um representante da administração disse que estão a ser tomadas medidas sobre o caso mas não pareceu a tomar com muita responsabilidade, já a bastante tempo que se diz a mesma coisa” .

Mesmo despois do caso ter sido encaminhado para o Tribunal e as comunidades terem ganho a causa, de ponto de vista de reposição de danos e realização prática da decisão nada está a ser feito.

A Dra. Alda disse que era necessário acautelar aspectos que tem haver com a boa governação, combate à corrupção, respeito pelos direitos humanos, como forma de mitigar conflitos. As comunidades pediram ajuda das ONG’s, pois os advogados comerciais não são muito sensíveis ao assunto em relação as agremiações da sociedade civíl, aliado aos elevados custos, dai que o apoio principalmente do ILEG seria preponderante.

O encontro serviu de primeiro passo para consciencializar as comunidades sobre os seus direitos. Dra. Alda Salomão chamou atenção para que haja “consciência do estado de direito, pois quando o estado não uma ideia clara do funcionamento do triângulo, Governo-Sector Privado – Comunidade, acaba sendo promotor de conflitos e desmandos”, dai que se faz necessário uma papel actuante dos agentes do estado, através da concessão de informações sobre os direitos de deveres de cada um “ é preciso ilucidar o papel das comunidades, do sector privado, pois muita das vezes este último prevarica a lei porque ninguém o fiscaliza e ninguém o diz quais são as suas obrigações” Dra. Alda Salomão acrescentou que “ muitas vezes o debate é feito no sentido de que há conflito entre o sector privado e as comunidades, diz-se que o privado não presta, mas não são todos investidores que tem má conduta, mas porque o objectivo deste é o lucro e o nível de fiscalização é precário ele aproveita para alcansar as suas metas”.

A nossa entrevistada lamentou o facto de mesmo estar consagrada na lei a separação de poderes, a experiência mostrar o contrário, uma vez que há relatos de que alguns membros do governo keniano tem interesse nalguns empreendimentos que constituem foco de conflito. Convidada a fazer uma análise comparativa entre o cenário vivido na Kénia e em Moçambique, Dra. Alda, disse que os problemas tem mesma natureza, tendo comparado o caso de Massingir como o exemplo da definição clara dos objectivos na concessão da Terra. Na opinião da nossa interlocutora, tem havido uma campanha positiva de angariação de investimentos mas “ não estamos ainda a conseguir gerir investimentos sem criar conflitos, e isto pode de alguma formar dispersar os investimentos” portanto ela apela a observação da legislação moçambicana que é clara quanto aos aspectos de responsabilidade social e ambiental. Disse que as comunidades moçambicanas deviam ser mais proactivas e não esperarem que as as ONG’s façam tudo, tendo afirmado que as comunidades kenianas estão avançadas a nível de consciência e intervenção sobre questões de seu interesse.
por: Lázaro Bamo

CTV reúne-se com parceiros para apresentar Parceria Global pelas Florestas

Por: Lázaro Bamo

A criação de uma nova Parceria Global pelas Florestas – PGF, foi proposta pelo Banco Mundial como forma de juntar um número maior de organizações possível de forma a melhorar o progresso da gestão florestas, e desta forma melhor responder às necessidades sociais, ambientais e económicas. Esta proposta de parceria tem como foco principal acções conjuntas com os países em vias de desenvolvimento.

Iniciativas recentes sobre políticas e mercados têm estado a gerar oportunidades para levar a gestão de florestas por caminhos sustentáveis e mitigar ilegalidades e exploração insustentáveis. A descentralização está a permitir que as comunidades tenham maior poder e maior participação na gestão das florestas. A sociedade civil em geral, está cada vez mais consciente sobre as mudanças climáticas e problemas que as florestas enfrentam. Os consumidores estão a começar a exigir madeira produzida legalmente e sustentavelmente. Mercados para os serviços ambientais oferecidos pelas florestas, incluindo os reservatórios de carbono, estão a aparecer e até o próprio Banco Mundial, está envolvido em muitas destas iniciativas, exemplo: o novo Fundo para a Redução das Emissões de Carbono das Florestas. Tais iniciativas podem oferecer aos proprietários e gestores de florestas, novas fontes de financiamento e apoio para a melhor gestão das florestas.

É no quadro desta Parceria Global pelas Florestas, que o Centro Terra Viva, reuniu-se recentemente e pela segunda vez em Maputo com alguns dos potenciais parceiros da iniciativa, como forma de colher sensibilidades a respeito da consulta.

O Banco Mundial está interessado por um lado em obter comentários sobre a proposta da PGF, e por outro conhecer a opinião dos diferentes intervenientes de como é que a PGF poderia responder as suas próprias necessidades. Para isso pediu à Instituto Internacional do Meio Ambiente e Desenvolvimento - IIED que realizasse uma avaliação independente. O mecanismo principal da IIED para esta avaliação, é a realização de consultas aos diferentes intervenientes a nível internacional. O IIED irá posteriormente informar sobre a análise das respostas e opiniões sobre o processo de desenvolvimento da PGF.

Falando á nossa reportagem, o representante IIED presente no encontro, o Eng. Duncan Macqueen explicou que «esta é mais uma parceria global do Banco Mundial, que vem sendo desenvolvida desde o ano passado mas até agora a discussão era restrita aos membros do banco e agora estão a abrir a porta para que outras pessoas façam comentários sobre como a parceria pode funcionar». A fonte acrescentou que o Banco Mundial tem várias parcerias internacionais mas o que acontece até agora é que a sua gestão é feita de forma separada e a intenção é juntar todas parcerias a nível global. Para tomar esta posição aquela instituição financeira segundo o nosso entrevistado tem dois motivos sendo «um interno que tem com o melhoramento da metodologia e obter mais sucesso no sector florestal, outro internacional aliado ao facto de haver recursos para redução do desmatamento e eles querem uma estrutura para fazer a gestão destes novos recursos financeiros». O objectivo da parceria segundo o Eng. Duncan, é reduzir a pobreza, mas tudo passa necessariamente por uma gestão sustentável das florestas. Questionado sobre quem podia fazer parte da parceria o nosso entrevistado disse que esta era aberta para todas regiões interessadas pois, até agora, ainda não se decidiu quem irá ficar de fora «agora estamos a fazer consulta em vários segmentos sociais para colher-se sensibilidades de como as pessoas gostariam de ver a parceria Global a funcionar», disse. Neste momento a consulta abrange seis países, nomeadamente: Brasil, Guiana Inglesa, China, Rússia, Gana e Moçambique, contudo não é possível fazer consulta em todo mundo devido a limitações de fundos, segundo a fonte que temos vindo a citar mas «a consulta foi traduzida em várias línguas e qualquer pessoa de qualquer país pode preecher um formulário e o IIED levará as suas preocupações junto ao Banco Mundial».

Uma das maiores preocupações apresentadas no encontro prendia-se com o facto de ser difícil o acesso aos fundos do Banco Mundial e o Eng. Duncan, disse ser esta uma preocupação em todo mundo e citou como exemplo a exclusão das Ilhas Caraíbas nas metas desenhadas pelo Banco para redução do desmatamento e pobreza, dado que a densidade populacional daquela região não apresenta nenhuma relevância a nível mundial mas também existem países pobres com vários idiomas que estão preocupados sobre como irão aceder aos fundos e a solução segundo apuramos do representante do IIED, é «falar ao banco que precisamos de mecanismos acessíveis para qualquer país, a gestão dos fundos deve ser aberta para qualquer região e não se limitar a países ricos e ONG´s internacionais, porque sem dúvida o banco mundial tem um motivco forte para desenvolver a parceria dai que temos oportunidade para expormos a nossas preocupações e acabar com mecanismos que não funcionam bem», concluiu.

No encontro, a Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF) apresentou plano de actividades que está a ser implementado desde 2004, que conta com suporte financeiro da FAO. Sobre esta nova parceria que o Banco Mundial propõe, o Eng.º Pedro Mangue da DNTF, disse esperar um apoio para redução da pressão sobre os combustíveis lenhosos, um fenómeno por ele apontado como a causa principal do desflorestamento no país. A fonte acrescentou que o sector de florestas sobre problemas de inserção institucional dado que “o país está virado para produção de alimentos e as florestas estão um pouco á margem destes objectivos”, concluiu. Por seu turno a Directora Executiva do Centro Terra Viva, Dra. Alda Salomão, disse na ocasião que era fundamental o reforço da legalidade e da fiscalização do sector, dado que todos resultados esperados dependem destes dois aspectos. De salientar que o CTV, na qualidade de focal point da parceria em Moçambique já está a fazer a consulta, através de questionários elaborados para o efeito.(x)

Bem Vindo 2008

Caro leitor em virtude de estarmos num novo ano, com outras dimensões económicas, socias, politicas, culturais, ético-morais, cientificos, proponho para o nosso blog uma visão global a partir da Matola. Isto significa que toda minha produção literária (artigos de opinião, reportagens, artigos cientificos ), será encontrada aqui.

Reetero minha gratidão pela preferência.